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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Valeu, Garotinho!

MINHA MATÉRIA SOBRE O LANÇAMENTO DO LIVRO EM www.puc-rio.br/puc-riodigital

Crianças queridas,

Após um mês de correria e produção quase zero, volto e reinauguro a minha veia cronista. Nada mais justo do que fazê-lo um dia após presenciar o lançamento da biografia de José Carlos Araújo, o Garotinho. O homem que é diretamente responsável pelo que hoje eu gosto, quero e vou fazer de minha vida, numa eterna brincadeira de criança (porque já diria o ditado, quem trabalha com o que gosta não trabalha). Confesso ter ficado sem palavras no momento de entrevistá-lo, e pauta nenhuma foi capaz de disfarçar o fascínio. Era o cara, na minha frente, falando comigo. Quem sou eu pra fazer qualquer coisa?






O título deste post é um bordão do próprio, que se encaixa perfeitamente no que descrevo abaixo.

Eu venho pensando....Dizem que eu sou exagerado. Transformo formigas em "bicho de dois metros", provas difíceis em "impossíveis", tudo é motivo para fazer do piolho um elefante. Coisa de quem gosta de dar emoção ao que vê, para dramatizar a história. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Discussões sobre a infância são recorrentes em qualquer conversa de jovens. São muitos os pontos comuns, sobre programas de TV, os mais variados "piques-sei-lá-o-quê" e a típica mania de dizer que minha geração teve a infância ummilhão de vezes melhor do que as "crianças de hoje em dia". E é sempre a mesma coisa...

"Hoje em dia as crianças com 9 anos não são mais inocentes. No meu tempo, a gente assistia Pokemon, Chiquititas e até mais ou menos uns 11 anos a compreensão das músicas dos Mamonas era zero. Mas como era bom! Tinha grupo de pagode cantando no programa da Eliana, tinha TV Colosso, Cavalheiros do Zodíaco, Melocoton...Aliás, falando em Mamonas, qual o problema em não deixar o cabelo do SAPO enrolar? E porque eu, no auge da infância, questionaria a calvície do dendobatra? (crédito pelo sinônimo = Leandro Hassum )"

Mas eu teimo em dizer, e digo, que alguma coisa em mim era diferente. Gastei em outras coisas meu tempo que deveria ser de pipa na rua, futebol descalço na rua, na vila. Não fui de bolinhas de gude. Não subi em árvores, não roubei goiaba. Li muitos gibis, muitos mesmo, mas eu não VIVI como a turma da Mônica. Eu tinha gosto por outra coisa. Eu gostava de vozes, de imitar, decorar falas, fazer igual. Dublar o Rei Leão, o Batman. "Meu nome não pinguin. Meu nome é Oswald Coubblepott!!"

Eu gostava era de futebol, de jogar e assistir. E de narrar. E de ter todos os times do universo dos botões Gulliver. E de jogar sozinho, narrar, assistir e torcer ao mesmo tempo. E eu não vou nem entrar na questão da coleção de camisas, das figurinhas, das escalações, da boa memória...

Ao mesmo tempo, por volta dos meus áureos 5 anos, eu era apresentado ao rádio. Vozes que me diziam o que rolava no Flamengo todo dia, antes e depois da escolinha de futsal.
"Mas pai, Rádio Globo de manhã?"
"É Bê, hoje não tem jogo, mas vai que eles falam uma notícia do Mengão?"
"Ah, tá certo, então".
Assim, tornei-me um ouvinte de um série de radialistas: Antônio Carlos, Loureiro Neto, Zora Ionara (hahaha), Perrout, Eraldo Leite....

E tinha um tal de Garotinho na história, mas ele tava em outro esquema. Era ele o cara que narrava o que eu não podia ver na TV. Fosse pelos jogos que não passavam pro Rio, fosse pela simples hora de uma criança de 5 anos ir para a cama. Enquanto não terminasse o jogo, eu não dormia. E a solução era pôr o radinho no ouvido e dormir escutando, agoniado, o "apontou, aitrou, entroou!" d'O Cara.


Quando eu digo que J.C.A mudou minha vida, não é mais um dos meus exageros. É a voz dele que me hipnotizava e me viciou nessa cachaça chamada rádio. Eu queria ser igual a ele nas gírias, no grito, na voz. Mesmo em meus saudosos torneios de botão Gulliver, no carpete da antiga casa onde morei, o sonho de ser como J.C.A era ao mesmo tempo tão perto e tão distante.


Perto sim, porque eu jogava sozinho, então fazia tudo. Manipulava resultados, dando ao meu ouvinte (sim!) uma emoção sem fim. Eu levava a brincadeira muito a sério. Cantávamos o hino (eu e meus botões), eles se cumprimentavam e eu me encarregava do resto. Ao mesmo tempo em que eu balbuciava narrações e gritos de gol, a voz que falava no "retorno" não era a minha. Imaginava como ele narraria aquilo e eu repetia, quase que involuntariamente. E eu não estou exagerando.

E longe também estava eu de ser narrador. Quem ia levar a sério um molequinho de 5 anos? Nem eu me levava a sério. Um dia minha mãe comentou comigo, ao me ouvir narrar pela porta do quarto, que eu seria narrador. Eu falei que não, nada a ver. Aquilo era só brincadeira. Dá-lhe timidez!

Cresci, e aos 11 anos estava naquele estágio bobo da vida. Mas não pense você que, por isso, parei com a "caixinha". Muito pelo contrário, foi em 2001 que Garotinho me "prestou o melhor serviço" em muitos anos: me contar os últimos 25 minutos da final do Estadual.
Tinha ido com a família almoçar no Joe and Leo´s do Fashion Mall e quando saímos de lá, o jogo estava 1 a 1, no intervalo.

Até que pagassem o estacionamento, saissem do shopping e eu criasse coragem pra pedir para ouvir o jogo, já tinha perdido mais da metade do segundo tempo. Eu tava já dentro do carro, triste com a camisa no colo, agoniado pois não pude assistir a final inteira. Eis que naquela narração histórica, os momentos que não assisti ao vivo, mas ouvi. Gol do Pet aos 43' do segundo tempo, numa cobrança de falta sem descrições. E vamos ser sinceros: que delícia ganhar uma final daquele jeito pela transmissão da Rádio Globo!

E o encantamento não teve mais fim. Agora, o rádio do meu carro já fica ali a postos no AM 122o ou no FM 92,5. Não ligo mais de chegar em casa após o jogo terminar, contanto que eu tenha um radinho em mãos. O número de ídolos cresce e, em cada gravação que faço, eu roubo um pouquinho do que eu gosto de cada um: Edson Mauro (foto abaixo), Evaldo José, Luiz Penido... Mas o Garotinho não é um narrador. É o cara que, sem me conhecer, "escolheu" minha carreira.



A bem da verdade é que eu entrei para a faculdade de Jornalismo com este sonho secreto. Não queria dar vazão, mas sempre nutri essa coisa do narrador de rádio. Adoro filmar pra TV, dar entrevista, escrevo com o maior prazer do mundo. Adoro ler e reler 200 vezes tudo que já postei aqui. Mas nada me atrai mais do que o maldito microfone. Ancorar programas, narrar o gol da Copa.

Imagine você qual não foi minha emoção ao entrar no "aquário do Maraca", onde ficam as cabines, pela primeira vez. E olha que isso não tem tanto tempo. Flamengo 1 x 2 Palmeiras, em meados de 2009. Foi com o pessoal do curso de Reportagem Esportiva da Escola de Rádio, na turma do grande Eraldo Leite. E quando de lá eu narrei o Fla-Flu, com os outros alunos do curso do hoje amigo Edosn Mauro? Com 2 gols do Adriano? Ihh, arrepiei.

Rodrigo Taves, o autor do livro, disse algo parecido com o que vou reproduzir, e mudar um pouquinho: "José Carlos era meu ídolo. Eu era amigo do Garotinho desde pequeno. Pra mim ele é de casa, mesmo sabendo que não ele não me conhece. E só o rádio tem esse poder."

Por isso, por tudo isso:

Obrigado, Rádio Globo. Há quase 20 anos, botando amizade nisso.

E obrigado a você, Garotinho. Sem você, talvez esse texto não exisitisse e eu certamente não faria nenhuma outra faculdade com tanto prazer. Obrigado pela certeza do "faço o que gosto e da melhor forma possível. Me ponham para narrar todo santo dia, e eu não estarei trabalhando. Farei mais ou menos como o garotinho de 5 anos, brincando no carpete."

Valeu, Garotinho!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vasco X Figueirense - Íntegra

Crianças,
Aí vai a íntegra deste jogo, mais um pela Rádio Pirata. Este eu transmiti sozinho (sim!) e passei por mais dificuldades, até, do que no jogo do Engenhão. Como eu não esperava narrar, acabei narrando sem saber escalações. Um ou outro eu sabia, principalmente do Vasco, mas bem pouco. Só melhorou no intervalo, quando simpáticos supervisores do Figueira me cederam dados.

De qualquer forma, enxergo evoluções. A conferir... Comentem!