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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Janela ou fechadura ?

Semana passada eu falei do Botafogo, agora é hora de mudar o foco. A janela de contratações abriu-se para os times brasileiros, que têm cerca de um mês para reformularem seus elencos. Melhor do que reformular, é saber mexer nos pontos certos.

No entanto, ainda não vi nos times cariocas qualquer animosidade no sentido de montar um bom time para a próxima temporada. A gente entende, o dinheiro manda e o Ronaldo não veio. E nem adianta pensar no amor à camisa, porque ninguém desse mundo quer “parar de ser rico”, principalmente no futebol.

Independentemente das escolhas – pra lá de duvidosas – do Fenômeno, ainda não entendi o que pensa a diretoria do Flamengo para o próximo ano. Sem Ronaldo e sem Adriano, a diretoria trouxe apenas três jogadores e nenhum deles é certeza de sucesso.

Torço para que o menino vindo do Nova Iguaçu, de apenas 18 anos, siga os passos de seu novamente companheiro Airton. Pés no chão e determinação, com a cabeça no lugar. E não digo isso por dizer; este Airton tem um belo futuro pela frente. E, pelo que ouvi dizer, Dieguinho também é ótimo jogador. Veremos...

Quanto aos dois jogadores vindos do Santo André, é difícil fazer qualquer avaliação. Ambos eram destaques em um time que não tem o mesmo peso, a mesma força (apesar da Copa do Brasil de 2004). Jogadores deste tipo, quando vêm, podem se firmar de vez ou cair em desgraça. Mais uma vez, é melhor não avaliar sem saber.

As dispensas foram acertadas e a saída de Jaílton também parece oportuna. Mas, apesar disso, é pouco para um time que quer sonhar grande. Renato Abreu, Diguinho e a própria permanência do bom jogador Vandinho – que teve pouquíssimas oportunidades - são boas providências para os problemas crônicos do time - criação e ataque. Ou o Flamengo começa a procurar reforços ao nível do seu time titular, ou a sua janela não passará de uma fechadura de contratações.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Amadurecimento

Eu não queria começar a coluna assim. Eu juro que não gosto nem um pouco de ter que lembrar ao torcedor carioca das suas condições atuais, mas não há outro jeito. A última rodada do Campeonato Brasileiro provou, para os que ainda não sabiam, que irregularidade e má administração não combinam com títulos e glórias.

A propósito, eu queria começar essa semana falando, nas próximas colunas, um pouco de cada clube. Eu começaria pelo Vasco ou pelo Flamengo, mas em respeito aos torcedores de ambos, vamos adiar. Que tal o Botafogo?

O Botafogo, desde 2006, vem voltando a ser time grande, de respeito. Não que não fosse, mas a queda (e até a volta) da segunda divisão trouxeram um status não muito bom ao time. O Bota passou alguns anos sem ganhar nada, trazendo ao torcedor sofrimento durante todo o ano.

Há dois anos, quase três, as mudanças chegaram. A diretoria passou a tratar o clube como merece e o Estadual foi para General Severiano. De lá pra cá, a equipe vem montando bons times sem gastar muito dinheiro, usando jogadores de pouca expressão e obedientes ao esquema de jogo. No entanto, a inexperiência de alguns destes faz com que a equipe não cumpra objetivos maiores e limite as grandes campanhas ao –fraco- Campeonato Carioca.

Um novo presidente vem aí. Após anos de uma administração objetiva e um tanto quanto emotiva, o clube se renovará. Espera-se que a partir do ano que vem a equipe mantenha alguns de seus jogadores-base, apesar das saídas de Tulio e Diguinho.

Para o torcedor, já cansado de ouvir críticas, fica a esperança de um amadurecimento geral e boas contratações pros lugares dos que forem embora. Um planejamento que cubra a temporada por inteiro também é importantíssimo, basta ver o que fez e onde chegou o São Paulo. O Botafogo tem totais condições de fazer um 2009 mais feliz para o seu torcedor. Palavra-chave: Amadurecimento. Moral e financeiro.

domingo, 30 de novembro de 2008

Ladainha

Todo ano, quando o campeonato vai chegando no finzinho, começa aquela discussão sobre a estrutura (ou a falta dela) nos clubes. Sem dúvida, ela é um fator importantíssimo para o sucesso de uma equipe. Mas será só isso?

Se estrutura fosse solução, os Atléticos Mineiro e Paranaense estariam bem melhor, já que têm uma infra-estrutura de primeiro mundo. Mais do que isso, é necessário ter uma diretoria competente e um planejamento mínimo.

Quando a diretoria deixa a desejar em um destes quesitos, acontece o que aconteceu com muitos clubes grandes da série A. Não houve um planejamento que desse conta das competições mais importantes. Por isso Vasco e Santos dependem de um ou dois jogadores e o Botafogo não consegue terminar bem as competições que disputa.

Pode ser também que exista o planejamento, a estrutura e a seriedade, mas não sejam adequados à realidade que se vive. É só ver a Portuguesa: um time com tudo que é necessário para subir da série B para a série A. Só esqueceram-se de replanejar, visando a permanência na elite. A menos que tenhamos surpresas, Santo André, Avaí e Barueri devem passar pelo mesmo problema.

À medida em que há uma organização, por menor que seja, o desempenho melhora e o rendimento é outro. Vide Cruzeiro, Palmeiras, Internacional e (por incrível que pareça) Flamengo. Campeões estaduais, engajados em torneios internacionais e com uma boa diferença de pontos sobre os concorrentes (à excessão do Internacional). Isso porque não fizeram nenhum grande projeto, muito pelo contrário, mas prepararam-se mais adequadamente.

E, finalmente, quando o trabalho é sério, bem planejado e adequado. Quando um treinador é ótimo e tem o respaldo do clube para fazer o seu trabalho, dá certo. Vide São Paulo.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

EIs que no 36º round...

..as lutas continuam sem qualquer definição de ganhadores e perdedores. Claro, há tendências que se confirmam em pouco tempo e já não são surpresas para ninguém. Ou alguém esperava, sinceramente, que o Ipatinga fosse fazer uma campanha brilhante? Ou que, talvez, o São Paulo do Muricy fosse ficar satisfeito com a vaga na Sulamericana?

Sim, esta é a parte previsível do campeonato, pois sempre há um provável campeão (normalmente o São Paulo) e um time que se rebaixa em pouco tempo. Agora, neste ano, com o fim da zona do “nada” (entre rebaixamento e sulamericana), isso é tudo que se pode dizer antes do fim do campeonato.

Fluminense e Vasco, agonizantes, seguem atrás daqueles pontinhos perdidos do início para fugir da degola. Quanto ao tricolor, repito, vejo um time que pode escapar com “tranqüilidade” da zona e ainda beliscar uma vaga na Sulamericana, pois tem time e motivação para que tudo aconteça.

Em relação ao Vasco, ainda não consegui me convencer de uma suposta melhora. Sim, o time tem mais disposição, correria, raça. Mas a defesa continua perdida, o meio confuso e o ataque sem se firmar. Fora o próximo jogo, contra o possível campeão antecipado. O jogo vai ser decisivo para um, para o outro e para o campeonato como um todo.

Enquanto o Botafogo cumpre tabela, o rival Flamengo voltou a encher de esperança o seu torcedor. No Maracanã, no último domingo, uma das melhores exibições da equipe em todo o ano. Um show de Ibson, Kleberson e a participação decisiva de Éverton fizeram o rubro-negro mais feliz.

O técnico Caio “Harry Potter” Júnior, dessa vez, não precisou da sua capa de invisibilidade. Pelo contrário, soube tirar os coelhos certos da cartola e foi ovacionado pela nação ao fim do jogo. Sessenta e cinco mil pessoas viram um time que não deve ser campeão, mas ainda sonha alto.

Em uma luta de 38 rounds, à altura do 36º, pelo menos 10 lutadores ainda devem manter a guarda alta para não acabarem na lona.

domingo, 2 de novembro de 2008

Quando ganhar de um é goleada

Acredito que, no futebol, as coisas aconteçam como naquele ditado “você é o que você come”, sendo alimento o que o técnico diz ao atleta. O técnico Caio Júnior, antes da partida contra a Portuguesa, cometeu a infelicidade de afirmar que uma vitória por um a zero seria como ganhar de goleada.

Sem hipocrisia, o que leva o técnico de um time deste tamanho a colocar na cabeça de seus comandados que uma vitória magra, dentro de um Maracanã cheio, contra a Portuguesa (nada contra!) é suficiente? Uma coisa é o time jogar para ganhar e só conseguir um gol, aí até entende-se. Outra coisa, completamente diferente, é fazer com que o time jogue bem até fazer o primeiro gol – afinal de contas, “virou goleada” – e daí parar. Ou não foi isso que aconteceu sábado?

Ganhar de um a zero é goleada quando um time na zona do rebaixamento tem um clássico contra outro na mesma situação e se organiza a fim de vencer. Foi o que fez o Vasco. Mesmo não fazendo um bom primeiro tempo, achou os espaços necessários para fazer o gol do jogo, sem abdicar do ataque após o tento. Não que a situação tenha melhorado a ponto de poder relaxar, mas ganhar um clássico a essa altura faz diferença – e como !

Ganhar de um a zero é goleada quando você joga um clássico paulista no caldeirão do adversário e consegue a vitória nos acréscimos. Um gol suado, aos 46 da segunda etapa, e o Palmeiras segue vivo na luta pelo título. O herói, quem foi? Alex Mineiro, Kléber, Martinez? Não, não. Ele é Léo Lima, o camisa 27 do Palestra.

Ganhar por um gol é goleada quando seu time está ameaçado pelo fantasma do rebaixamento e vai enfrentar um de seus maiores algozes dos últimos anos. Foi o que fez o Atlético-MG, ao derrotar o Botafogo no Mineirão. Polêmicas à parte, o resultado do jogo foi 2 a 1 pro time da casa.
Entre todos os que golearam por um gol, há uma semelhança. Notaram ? Todos eles entraram para ganhar. Não por um, dois ou cinco gols. Simplesmente entraram sentindo-se na obrigação de vencer e o fizeram, como era de se esperar.

Acorda, Caio Júnior! Chances como essa não aparecem o tempo todo!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Quem fala demais ...

O futebol tem dessas coisas. Todo jogador precisa correr muito, ter espírito de luta constante e pelo menos aquele mínimo de habilidade para poder chegar a algum grande clube. A torcida sabe disso muito bem e por isso exige. Mas se tem algo que pode acabar com o desempenho de um time é a famosa declaração infeliz - e isso ninguém cobra.

Todo mundo está cansado de saber que no futebol não existe jogo ganho, e por isso não adianta garantir, jurar de pés juntos que algo vai acontecer antes de a bola rolar. Começou a falar demais, complica no fim. Já reparou?

Você que é torcedor vascaíno, lembre-se de 2001. O Vasco ganhou a primeira final do Carioca e parecia ser o novo campeão. Tudo muito bem, até Eurico Miranda dizer (durante a semana do último jogo!) que já havia comprado o chopp da festa do título. Preciso dizer mais alguma coisa?

Torcedor tricolor, lembre-se de algo mais recente. Puxe da sua memória a Libertadores deste ano. Seria um título merecido, inédito, uma festa pra não ser mais esquecida caso ninguém abrisse o bico. O Renato provocou, disse que ia brincar no Brasileirão. O Thiago Neves foi na onda do comandante e “soltou os lagartos”. Tudo bem, disputa de pênaltis é sempre um nervosismo, mas que ninguém pense que falta de modéstia não interferiu.

O torcedor do Botafogo também sentiu um pouco, mas de forma diferente. Depois de perderem uma final polêmica da Taça Guanabara, foram todos reclamar e chorar. Pediram até para que a torcida não fosse mais aos jogos do Carioca. Erros de juiz à parte, a atitude do elenco (com respaldo da diretoria) fez o clube virar motivos de piada.

O Flamengo ensaiava uma boa arrancada para as últimas rodadas, até o presidente dizer que já estava preparando a festa do hexa. Resultado? Uma atuação ridícula e uma goleada do Atlético Mineiro que mais de oitenta mil pessoas pagaram pra ver. Será que ninguém lembrou que a festa da despedida de Joel Santana também não deu certo contra o América do México? Uma frase, e o futebol do Rio pode não ter representantes na Libertadores do ano que vem. Ainda tem muita coisa pela frente, mas Flamengo e Botafogo que fechem a boca!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Ao cronista, o agradecimento

Há menos de um mês atrás, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente e entrevistar uma personalidade do jornalismo esportivo.Ele me recebeu de forma muito simpática na redação do jornal onde trabalha e escreve sua coluna. Hoje, dedico este espaço a um pouco desse bate-papo.

Ele me recebeu sem pressa e sem compromisso, tendo em mãos um livro do ídolo Armando Nogueira.Em meio à movimentação de uma Redação vistosa, acomodei-me numa cadeira giratória. Sem perder muito tempo, comecei a entrevista sobre a profissão.

Fernando Calazans é um apaixonado por esporte. Tentou cursar Direito, não levou à frente. Sua paixão estava ali, na bola, no campo. Começou o curso de Jornalismo na PUC, mas parou após 2 anos para estagiar em um famoso jornal. Lá, tornou-se profissional e começou sua carreira. Escrever era o que sabia e o que gostava de fazer.

Aliás, nos tempos em que estagiava e começava a trilhar sua carreira, ia com seu fusquinha para cobrir o Bangu, o América ou Flamengo, Vasco, Fluminen-se. Só não cobriu o Botafogo. Mas isso tudo numa época em que técnicos, jogadores e jornalistas podiam se falar sem o intermédio dos assessores. Era tudo bem mais informal. A amizade era possível, sem interferências mútuas.

Sempre preferiu o jornal à TV. Com o tempo, foi abandonando o fanatismo de seu time de coração e tornando-se fã do jogo bonito. Se necessário for, torcerá contra o Brasil até em Copa do Mundo. Torcer contra o próprio país, para ele, não é novidade. Mesmo quando se perde para a Argentina. Vale lembrar que a torcida é para o bom futebol, não importa: Brasil ou Albânia.

Para ele, como para uma minoria, a seleção não vive uma entressafra de jogadores. A situação é crítica: o futebol brasileiro perdeu sua identidade; agora podemos ganhar a Copa ou perder pra Honduras, pois “é tudo japonês”.

Ao final da gravação, um café de máquina para espantar o frio de um dia chuvoso, um breve bate-papo. A despedida e um sorriso de orelha a orelha na porta do jornal. Telefonemas,idéias na cabeça e um bom motivo para seguir em frente.Entre amigos de curso, mais uma história pra contar.Valeu a pena.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Três dias para esquecer

Entre quarta-feira e domingo, o futebol não foi motivo de orgulho para os cariocas.

A dupla Vasco e Fluminense voltou a enlouquecer seus torcedores com novas derrotas para Náutico e Santos, respectivamente. O Fluminense, jogando fora, perdeu para um concorrente direto na luta contra o rebai- xamento e, com 25 pontos,na zona do desespero, parece ter se esquecido de que foi o finalista da Libertadores.

O Vasco, a exemplo do rival, volta a figurar entre os quatro piores e, ao contrário do que canta a torcida, vai vendo seu caldeirão esfriar. Num jogo que deveria ser até tranqüilo, o time da colina se complicou e não levou um ponto sequer contra o Náutico – mais um na briga lá de baixo. Três a um, e mais atacante indo pro gol . As torcidas não merecem ...

Na parte mais acima da tabela, os outros dois perderam uma rara oportunidade de se aproximar do líder Grêmio. No jogo das 16 horas, o Fla voltou a ser apático e perdeu para o São Paulo por 2 a 0. Agora, contra o Ipatinga dentro do Maracanã, é vencer ou vencer!

Contra o Internacional, o Botafogo não conseguiu manter a boa fase e, dentro de casa, foi derrotado. Mesmo assim, a equipe permanece no G4 e agora tem pela frente a Portuguesa, em São Paulo.

Pior do que os jogos deste domingo, porém, foi a nossa seleção contra a Bolívia. Sinceramente, não acho que a convocação tenha sido ruim, apesar de Elano e Maicon continuarem com suas “vagas cativas”. O que está acontecendo com a seleção ainda é incompreensível.

Seria Dunga com a suposta falta de pulso e de experiência como técnico de uma seleção de ponta? Ou talvez fosse a questão da CBF, que interfere nas convocações? Talvez ainda, os jogadores convocados não estejam motivados a vestir a amarelinha? Estaria Ronaldinho apto a jogar pelo Brasil ou é este um momento de tentar outro camisa 10? Talvez fosse um pouco de tudo isso?

A única certeza que tenho é que, de fato, não dá pra continuar assim.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Mais uma pro Diário

Fechando com chave de bronze

Após mais uma semana eletrizante de finais e últimas medalhas, os Jogos Olimpícos de Pequim terminaram. O resultado final foi um modesto vigésimo terceiro lugar, com apenas três medalhas de ouro e muito choro na bagagem.

Assistimos, atônitos, uma seleção de futebol que em momento nenhum lembrou o que costuma se chamar de Seleção Brasileira. Vimos um time sem qualquer vontade sofrer para fazer uma boa estréia, vencer – sem convencer – algumas equipes figurantes e cair, impotente, diante do maior rival. Perder pra Argentina é e sempre vai ser um problema, mas acontece. O que não pode é tirar do time a raça e o ímpeto de fazer gols, como a nossa verdadeira seleção. Isso, nunca. O bronze ficou barato ...

Um dia depois, aí sim, a seleção entrou em campo. Marta, Daniela Alves e cia vieram a campo reeditar a final das últimas olimpíadas, quando perderam para os EUA. Da mesma forma, talvez com uma pitada extra de dramatismo, jogaram muito melhor e mereciam aplicar uma goleada histórica. No entanto, o dia era “daqueles em que a bola não entra”, e o resultado foi uma medalha de prata quase irônica. Mais uma final perdida, elas não mereciam.

Também de prata, Márcio e Fábio Luiz – tal qual a seleção de Bernardinho -foram impotentes para vencer o bloqueio das fortes equipes americanas. Juntos a Robert Scheidt, que disputou a regata numa categoria que não é a sua especialidade, formaram o esquadrão prateado da nossa delegação. Uma pena, para quem esperava que daí fossem sair pelo menos mais dois ouros.

Medalhas de ouro, estas sim, foram as meninas do vôlei. Ao contrário de outros atletas (sem citar nomes), as comandadas de Zé Roberto aliaram técnica ao bom preparo psicológico, subindo com justiça ao degrau mais alto do pódio. Parabéns, seleção feminina de vôlei!

Faltou falar de Maurren Maggi, a última dourada. Esta medalha, como disse muito bem Arnaldo Jabor, não é do Brasil, é só dela. Sem incentivo nenhum por parte das autoridades, passou por cima do trauma do doping para se tornar campeã olímpica. Aos que salvaram o esporte brasileiro de uma enxurrada ainda maior de lágrimas e descupas, fica o nosso sincero agradecimento.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Mais uma para o Diário de Petrópolis

Pequeno OBS: ESCRITO ANTES DO VEXAME CONTRA A ARGENTINA.


Título: Mais que o dom ...

As Olimpíadas enfim começaram para o Brasil. Com duas medalhas a mais do que na última semana (um ouro e um bronze), a TV dos fãs de esporte não desliga mais há alguns dias. E que semana, a nossa. Foi difícil de acompanhar tudo ao mesmo tempo, mas não é essa a questão.

Como de praxe, tivemos agradáveis surpresas e algumas decepções com medalhas que não vieram, em boa parte pelo principal fundamento do esporte, justamente aquele que o Brasil ainda não desenvolveu em plenitude: O fator psicológico.

A ginástica artística, por exemplo, serviu para provocar uma reflexão sobre a preparação de atletas para competições desse nível. No Pan, as constantes lágrimas de Jade parecem não ter sido suficientes para mostrar o quão desequilibrados estavam nossos competidores. E aí, deu no que deu: Até o Diego, que não costuma cair, não cravou seu último movimento. Talento, todos têm. Mas Olimpíadas, infelizmente, não se resumem ao dom de cada um.

Equilibrado, esse sim, é Michael Phelps. Ele poderia ter ganho as primeiras medalhas e se iludir, deixando a mente controlar o corpo. Ele podia ter perdido para o russo na última braçada. Ele podia nem ter competido. No entanto, como um atleta de ponta, superou o cansaço, os holofotes e o ego para entrar para história. Com oito medalhas e cem por cento de aproveitamento, é a prova viva de que dom e auto-controle precisam conviver em harmonia para quem quer chegar ao topo. Phelps é, simplesmente, um monstro do esporte.

Do outro lado da moeda, encontramos o ouro solitário de Cesar Cielo. Foi lindo, emocionante, um momento inesquecível. Tudo bem. Só não podemos nos esquecer de que nem tudo, ou melhor, quase nada está se encaminhando de acordo com o esperado. Nas mãos e nos pés de Marta, Ronaldinho e dos nossos times de vôlei –tanto de praia quanto de quadra- a difícil missão de salvar o Brasil de uma catástrofe. Afinal, volto a dizer, vai ser difícil olhar para cima e enxergar a Etiópia, o Cazaquistão e a Geórgia até 2012.

Falta cabeça, Brasil. Falta cabeça ...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Eco ...

Me lembro muito bem. Ainda estávamos nas primeiras rodadas do campeonato brasileiro, e a equipe da Rádio Globo foi fazer um programa “ao vivo”, onde o Eraldo Leite falava direto da PUC, pelo globomóvel. Fazendo um link, o Garotinho comandava o programa direto do Engenhão, onde jogariam Corinthians e Botafogo pela Copa do Brasil.Me empolguei, é claro, e me ofereci para fazer uma pergunta ao ídolo José Carlos Araújo. Tudo muito em cima da hora, então não tive tempo para elaborar uma pergunta mais filosófica. Na hora, nervoso por ouvir minha própria voz com o tradicional “delay”, saiu :

- Garotinho, o que esperar dos times cariocas nesse campeonato brasileiro?

Na hora que o microfone da repórter se afastou de mim, só passava pela minha cabeça que eu tinha sido meio imbecil. Afinal, tudo indicava que eu havia feito uma pergunta da qual eu mesmo sabia a resposta. O simpático locutor respondeu de forma genérica e não quis profetizar, mas falou o que eu esperava ouvir. Apesar disso, passadas 19 rodadas – exatamente a metade – do Brasileirão, vejo que a pergunta não era tão óbvia. Vejam...

Dos quatro times cariocas, o Vasco era o mais previsível dos quatro. Cheio de problemas administrativos e carências no elenco, não era de se esperar que a equipe de São Januário fosse muito além da Copa Sulamericana. Brigando contra o rebaixamento, o Vasco ainda tenta uma ascensão, mas esbarra na irregularidade geral.

O Botafogo, apesar da boa campanha no Campeonato Carioca, começou a competição dando sintomas de sofrimento para a torcida. Cheguei a pensar (e dizer aqui no blog), inclusive, que seria uma das quatro equipes que cairão para a Segunda Divisão no ano que vem. Com a chegada de Ney Franco, no entanto, o time reencontrou seu bom futebol e, conseguindo mantê-lo, deve acabar no famoso G-8.

O Flamengo, após a trágica partida contra o América-MEX, começou a competição com um gás invejável motivado pela chegada de Caio Júnior ao comando. Naquela época, jogava um futebol não bonito, mas eficiente o bastante para mantê-lo na liderança por longas 10 rodadas. Por isso, a previsão era de, pelo menos, uma vaga na Libertadores – os mais otimistas cogitavam o título. Entretanto, a venda de três titulares e a demora da diretoria para trazer reforços levou-os a uma queda vertiginosa – no rendimento e na tabela. Pra onde vai, a partir de agora, o time da Gávea, ninguém sabe.

O Fluminense, então, nem se fala. Uma linda campanha na Libertadores e um time que tinha tudo para figurar o G-4. Atacantes renomados, um meio-campo consistente e uma defesa equilibrada. No mínimo, a previsão era a vaga na Libertadores do próximo ano. E agora, com o time em penúltimo, afundando-se em crise, trocando de técnico e perdendo um jogador atrás do outro, o que prever?

Se a minha pergunta antes era óbvia, agora ela parece fazer eco na cabeça de todo mundo ...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Pra cima deles, Brasil !

Amigos e leitores do DLNB,
Após três (quase quatro) semanas sem escrever uma vírgula sequer, volto às publicações. Hoje, deixo aqui o texto que escrevi para o jornal DIÁRIO DE PETRÓPOLIS dessa quinta-feira (7/8). O texto fala um pouco sobre a seleção olímpica masculina de futebol .. Não é bem uma crônica, mais uma análise.Vamo nessa ?
(OBS ORTOGRÁFICO: O "mais" com "i" foi proposital. Não é "mas")

PRA CIMA DELES, BRASIL !

Às vésperas do começo de mais uma edição das Olimpíadas, é impossível não pensar no que será da Seleção de futebol masculino. A equipe de Dunga tem dupla missão em Pequim: Carregar nas costas a responsabilidadede trazer a inédita medalha de ouro, ao mesmo tempo em que tenta diminuir a carga de críticas sobre o técnico.

Quanto ao seu cargo, o técnico já afirmou que se sente bem e que não se preocupa com o risco de deixá-lo. No entanto, vejo a situação por outro prisma: Em função dos últimos resultados da seleção principal, a pressão pela convocação de alguns atletas e sua falta de experiência como comandante, a perda olímpica pode balançar ainda mais a corda bamba na qual ele vem se equilibrando.

Pensando, agora, no que nos interessa – a conquista do ouro-, não vejo como algo sobrenatural a missão da nossa seleção (que, para muitos, é melhor do que a principal). Muito pelo contrário. É uma grande equipe, e não fica atrás da badalada Argentina de Lionel Messi. Mesmo com os cortes de Kaká e Robinho, a base da equipe ainda é muito superior aos adversários que devem aparecer no caminho da Seleção.

Quem assistiu aos amistosos preparatórios pôde constatar que, apesar da fragilidade dos oponentes (Cingapura e Vietnã), a equipe primou pelo toque de bola, abertura de espaços e pela busca de um entrosamento que é necessário para trazer a tão desejada medalha.

A nós, cabe torcer para que a vaidade dos salários europeus e o individualismo sejam abafados, na vontade e no intuito de fazer a bola rolar redondinha nos gramados de Pequim.

Sob a batuta dos pés de Ronaldinho Gaúcho, a chance de dar a volta por cima e fazer feliz uma nação que espera ansiosamente pelo único título que ainda lhe falta comemorar.


Pra cima deles, Brasil !

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Filosofia de banheiro

Futebol, o esporte da vida.

Futebol, o esporte da ascensão social.

Futebol, a religião oficial dos mais variados países, incluindo o nosso.

Futebol, o esporte que sustenta um povo, muito mais do que qualquer programa de governo populista. A alegria única de um povo sofrido.

Futebol, a passibilidade da impossibilidade (créditos dessas últimas palavras para Rodolpho da Motta Lima).

Muitas das vezes, ou melhor, na maioria delas, o fanatismo pelo clube ou pela seleção (raro, hoje em dia) não nos deixa enxergar o futebol como o mais belo dos esportes. Eu sei, eu sei. Minha fala tem um quê de arrogância, uma pitada de desprezo pelo basquete, pelo tênis, pelo vôlei e por tantos outros desportos que escrevem a história das mais belas disputas. Mas vocês sabem, essa não é a minha intenção. Aliás, todos esses esportes ainda me levam à emoção, de vez em quando. Apenas acho que o “soccer” é o mais belo deles. Só isso.

Tá certo que a nossa cultura me influenciou. Tá certo que não é privilégio nenhum meu gostar mais de futebol do que de outros. Mas eu vou além. O futebol é, pra mim, muito mais do que um monte de brucutus correndo atrás de uma bola. É, dentre os esportes, a melhor tradução de vida.

O juiz autoriza o começo de um jogo que já tem história antes mesmo de começar, no encontro de duas partes que já se conhecem (ou não, pelo que a gente anda vendo por aí). Que o desenrolar da vida poderia ser todo “metaforizado”, não restam dúvidas. Mas tem algo que ainda me cutuca a desenvolver linhas e mais linhas dessa crônica.

Refiro-me à última das frases soltas que escrevi acima: A passibilidade da impossibilidade. Em outras palavras, o impossível é extremamente passível de acontecer. Nada é pré-definido, tudo se desenha na hora em que o jogo realmente começa. Como um discurso de improviso, um encontro com alguém desconhecido.

Talvez, com a nossa torcida exagerada, repito, não consigamos entender que mesmo as derrotas mais inesperadas são a prova de que ali, no futebol, a boa fase e o retrospecto de nada valem. Cem, duzentos jogos não significam nada quando o cronômetro começa a contar noventa minutos. Acho que nem preciso dar exemplos, pois qualquer torcedor já viu o improvável se desenrolar bem à frente de seus olhos (a favor ou contra, tanto faz).

Depois que o toque inicial é dado, não há mais favoritismo. Se campanha entrasse em campo, talvez só existissem cinco ou seis clubes por todo o país.

Todo esporte tem suas zebras, seus sustos. Todo fã de tenis já viu um brasileiro franzino ser campeão de um Masters Series. Todo fã de corrida já viu os melhores carros irem de encontro ao muro de pneus, dando a chances de pódium àqueles que pareciam apenas figurar a competição. Mas, que me desculpem os imparciais, não é a mesma coisa.

No futebol não há raquetes para serem estouradas, motores falhos ou sistemas hidráulicos de arranque, freio e não-sei-mais-o-quê. Não há vassouras limpando o piso, redes que dividam o gramado nem linhas que hierarquizem pontuações. Nada vale mais que nada no futebol. Só quem joga ou participa pode decidir o jogo. Cada gol vale um e o tempo de jogo só o jogo determina. O clima (tempo) participa, não determina. O instrumento é o corpo humano, posto à prova por quanto tempo ele permitir.

O futebol é o mais humano dos esportes e, por ser humano, é passível de erros. O esporte que condena os pequenos erros, mas permite a segunda chance. Como a vida, condena o passo maior que a perna, a soberba e a trapaça. Na mesma moeda, premia os humildes e os que não se deixaram iludir. Leva ao êxtase aquele que o leva a sério.

Se quem tem boca vaia Roma, também tem o direito de vaiar Renatos, Ricardos, Edmundos, Edilsons, Euricos e tanta gente que faz questão de apagar brilhos e cortar as asas dos que a seu lado querem voar.

É a tradução da vivência em sociedade.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Futebol e os Clichês - Parte 3 e última

“No tempo em que Dondon jogava no Andarahy”


Amigos e leitores do DLNB, fecho hoje a minha série de crônicas sobre clichês ... Preciso confessar que, com o término da Libertadores, da Eurocopa e da Copa do Brasil, meus temas estão ficando escassos. Ao mesmo tempo que quero continuar falando sobre futebol, não me arrisco a dar pitacos sobre o Brasileirão. Aliás, arrisco sim, unzinho: O Botafogo vai cair pra Série B (falo isso desde a saída do Cuca). De resto, vamos ao que interessa ..

Eu sei, você já leu o título e estranhou o nome do time do grande jogador, protagonista da canção de Ney Lopes (interpretada por Zeca Pagodinho e Dudu Nobre). Então, pra quem ainda não sabe, o time de Dondon não tem a mesma grafia do nome do bairro carioca. O listrado verde-e-branco suburbano é, sim, com “H” e ”Y” no fim. Brega, mas é assim. Tudo bem, não é essa a discussão em questão. O problema central é algo que eu já havia citado em um texto anterior, mas uma frase é muito pouco.

A questão é a implicância que eu tenho com esses cidadãos que acham que só havia futebol em seus tempos de jovem e não valorizam o que temos hoje. Se tem uma frase que eu não agüento mais é aquela “ah esse futebol de hoje em dia não tem mais jeito.. é muito dinheiro, muita falcatrua .. bom era quando blábláblá”.

Não estou colocando em cheque, em momento nenhum, que as coisas hoje em dia não tem mais o famoso amor à camisa, o apego e o cultivo aos ídolos como Zico, Dinamite, etc. Isso não é opinião, é fato. Agora, daí a dizer que não assiste mais porque “tá tudo nivelado por baixo” e que “tá tudo uma porcaria” já não acho justo.

Tudo bem, é indiscutível que a ação dos empresários dificulta toda e qualquer tentativa de formar jogadores conscientes e mantê-los num clube por mais de dois ou três anos. Mas será que está tudo tão perdido assim? Aí você vira e fala que só a Europa presta ... e eu te pergunto o que São Paulo e Internacional fizeram com Liverpool e Barcelona ainda nesse século. Resposta: O que Flamengo, Grêmio, Santos, São Paulo (de novo) já fizeram, em outros tempos, exatamente da mesma forma.Mesmo sem os jovens craques que cedo vão embora para o velho continente, o nosso futebol não morreu!

Há de se compreender que, como tudo na vida, o mundo do futebol é uma bola e gira, naturalmente. Portanto, mudanças comportamentais e tendências hão de vir e voltar. Será que ninguém achou graça no Botafogo do ano passado, na reação do Flamengo? E nas quartas-de-final da Libertadores 2008 entre Fluminense e São Paulo, por exemplo, quem ousa dizer que o futebol de ambos os times não foi bonito? O Cruzeiro de 2003 ... Vamos parar de olhar mais para trás do que os olhos alcançam. Tostão, Gérson e Pelé –entre outros - foram grandes em seus tempos, mas acabou! Conceitos mudaram, e o futebol não é mais aquele jogo lento e muito bem tramado. Nem melhor nem pior, apenas renovado.

E não adianta vir apontando pro “Cabofriense X Friburguense ” do último Carioca porque eu confesso nunca ter ouvido falar em nenhum grande jogo de uma das duas equipes, quiçá das duas! Juntas, então ...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

O Futebol e os Clichês - Parte 2

“O Mundo dá voltas / Boca fechada não entra mosca”


Amigos e leitores do DLNB, depois da épica final da taça Libertadores da América, tenho muito pano pra fazer manga, gola e a camisa inteira tamanho GG. Seguindo a trilogia da semana passada, vejo nessas duas frases algo muito mais sério a se explorar do que uma simples perda de título. É a resposta da bola a uma postura com a qual eu não concordo, mas que parece se perpetuar no futebol – principalmente o carioca. Me desculpem o tamanho do texto - duas páginas no Word-, mas são duas idéias difíceis de dissociar.

Voltamos 10 anos no tempo. O Fluminense vivia o auge de seu descenso, caindo da 2ª para a 3ª divisão. Os rivais tinham à sua frente um prato cheio para fazer piadas e trocadilhos. O Flu até ganharia, em 99, o direito de voltar à série B caso precisasse – papai Eurico deu, digamos, um pezinho pra pular essa etapa. Levando em conta que o mundo do futebol é redondo como a bola que Roni e Cia maltrataram durante três anos e que havia ultrapassado o limite do ponto mais baixo, era a hora do Flu começar sua subida e chegar ao ápice.

Não só o Fluminense, mas todo o futebol carioca viveu seu pior momento na última década. A queda do Botafogo e a constante luta de Flamengo e Vasco para não repetir o feito dos rivais foi a constante dos últimos anos, até 2005. Os times eram ruins, o campeonato regional não era levado a sério e o futuro que estava a mercê dos pseudo-dirigentes era pra lá de nebuloso. Como tudo que desce pode subir, começamos a mudar a história em 2006.

O ano das viradas começou com o título estadual de um encantador Botafogo, sob a batuta do então razoável técnico Cuca. Flamengo e Vasco, além de terminarem o Brasileirão sem o medo de serem rebaixados, chegaram à final da Copa do Brasil. O Fluminense não fez um grande campeonato nacional, terminando a duas posições de uma nova vergonha. Apesar de tudo, chegou a semifinal da Copa do Brasil, sendo eliminado pelo rival Vasco.

Ano passado, o Rio viveu o seu melhor ano do século, até o presente momento. Voltou a se fazer presente na Libertadores da América com o Flamengo, manteve seus quatro clubes entre os 10 melhores do país e viu o Tricolor das Laranjeiras levantar a taça da Copa do Brasil, com o Botafogo chegando às polêmicas semifinais contra o Figueirense. Com a conquista, o Flu chegou à Libertadores deste ano, ao lado de um Flamengo que saiu da penúltima posição para chegar ao terceiro lugar do Brasileiro, numa reação assombrosa.

Começamos o ano com um campeonato carioca sem grandes surpresas. Os quatro grandes, favorecidos pelo mando de campo em todos os jogos, não viram a sombra os pequenos que figuravam a competição e chegaram, com facilidades, às semifinais de cada turno. Melhor para o rubro-negro, que bateu o Botafogo na final e sagrou-se campeão estadual pela 30ª vez em sua história.

Três dias antes da conquista, no México, o Fla venceu o América por 4 a 2 e a semana terminou como todo flamenguista sonhou: o título e a classificação praticamente assegurada. Era só fazer o simples, o feijão-com-arroz. Era só não abrir a boca. Deu no que deu, entrou mosca.Diante de 50.000 pessoas e um adversário considerado morto, entrou em campo um Flamengo covarde e vulnerável. Uma tragédia que se anunciava em meio à saída de Joel Santana.

Sem o maior rival na competição, o Fluminense tratou de despachar Atlético Nacional e São Paulo, de forma competente e sem grande alarde. Chegou às semifinais, enfrentando o poderoso Boca Juniors. Novamente calado e trabalhando sério, os cariocas atropelaram a turma de Riquelme, garantindo a vaga para a grande final, contra a já conhecida LDU. Aí começou o problema.

Por tudo que havia acontecido na competição, o torcedor tricolor tinha todos os motivos para achar que seria campeão. No entanto, para jogadores e dirigentes – que já haviam enfrentado a LDU antes, com boas atuações e resultados -, o pensamento não poderia ser esse. No entanto, no bojo da eliminação do Flamengo em pleno Maraca e da animosidade em torno do momento histórico vivido pelo clube, Renato Gaúcho e Thiago Neves resolveram abrir a boca.

A essa altura, sendo o único time do Brasil a disputar duas competições simultaneamente, a dupla aproveitou para tripudiar dos adversários com provocações e frases ambíguas. Como se o futuro fosse certo como o passado. Em clima de “já ganhou”, apesar de aparentemente pregarem respeito ao conhecido adversário, embarcaram e voltaram de Quito com um resultado que ainda lhes dava a esperança da conquista. Mesmo com o baque, o escrete tricolor pensava ter o poder de reagir quando bem quisesse, no finzinho, como fez nas últimas partidas contra São Paulo e Boca. Doce ilusão.

No jogo da volta, uma incrível virada parou justamente no “achismo”. A equipe carioca, após o terceiro gol, pensou-se dona do jogo e, como tal, achou que estivesse tudo sob controle. Assim, veio a prorrogação e a disputa de pênaltis. Grandes batedores pararam nas mãos de Cevallos e o Maraca viu 90.000 pessoas chorarem um título “quase” ganho.O Fluminense teve todas as chances de viver, da melhor forma possível, o auge do seu ciclo. Assim como Flamengo, Vasco e Botafogo já o fizeram, os tricolores sentiram na pele que trabalhar de boca fechada é o melhor jeito de abrir caminhos para as grandes glórias.

O torcedor tem o passe para falar, brincar, torcer, secar e comemorar o que bem entender. Quem vive de futebol, no entanto, não. Como também não pode pedir respeito se não o faz merecer. Até me surpreendi, minutos atrás, quando li num site que aqueles dois exigem respeito ao feito tricolor. Me admira vocês, Thiago e Renato, ficarem sentidos pelo que vocês próprios ajudaram a construir.

Não tenho dúvidas de que o futebol carioca ainda vive seu ponto alto, e por isso, as chances estão abertas para quem quiser viver uma boa sequência de trunfos. Só não permitam vocês, jogadores e dirigentes, que as moscas transformem a alegria em tragédia para aqueles que fazem do futebol, a alegria de viver na humildade. O torcedor não merece esse tratamento.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Futebol e os clichês - Parte 1

Amigos e leitores do De Letra na Bola,Vou tentar lançar uma série de crônicas com a mesma temática : Clichês no futebol. Existe uma diferença que eu queria esclarecer, no entanto. A série não é clichês DO futebol, é NO futebol. Ou seja, frases clichês do nosso cotidiano aplicadas à realidade do mundo do ludopédico (mais um sinônimo bizarro pra futebol). A diferença dessa série pras outras crônicas que eu publiquei vai ser a mistura do futebol com comentários não necessariamente esportivos. Embarcando ...

O Futebol e os clichês – Parte 1
“Não tem menor não ?”

Esse é um daqueles clichês que todo cliente odeia e todo vendedor sabe que é chato, mas fala porque é necessário. É quase inevitável. A frase é meio divisora de águas, separa dois lados da moeda (sem trocadilho) : O esnobe e o sem-troco, o humilde e o que não sabe ser, o mocinho e o bandido. Frase pegajosa ... Pode reparar, toda vez que essa frase aparece, alguém fica sem graça. Não por maldade, mas se na sua carteira não tem outra cédula, é claro que a gente se envergonha em ter que pagar assim (mesmo sabendo que, só por vingança, o troco pode vir em moedas). Por outro lado, se você vende algo e tem que dar um troco algumas vezes maior do que o próprio valor da coisa, é claro que sua buchecha vai dar uma certa corada. Primeiro por ter que perguntar, segundo pela impressão de que o consumidor é tão pobre quanto o Silvio Santos. Deu pra entender ?

Quer ver como funciona o esquema? Experimenta comer uma promoção do Mc Qualquer Coisa (pode até ser com batata grande) e pagar com uma nota de cinqüenta. Tenta pagar a passagem do ônibus com vinte reais. No entanto, se coloca no lugar de quem vende ... aquele caixa que nunca tem troco pra nada. Vai que uma alma caridosa resolver ter a tal menor ..

Olha, por exemplo, o caso dos clubes europeus quando vêm comprar jogador aqui. Se o time brasileiro oferece um craque das divisões de base, 18 anos, qual a reação do empresário? Não tem como escapar:
- 18 anos ... não tem menor não ? Dezoito já é muito ...
Depois desses últimos jogos da gloriosa seleção do Dunga, confesso ter me coçado pra poder perguntar a ele se não tem futebol menor ..

domingo, 15 de junho de 2008

Não pára, não pára, não pára !

O título engana o leitor. A crônica dessa semana não é sobre a nova música da torcida do Corinthians, mas sobre a seleção brasileira. O escrete canarinho (e que apelido feio, esse) deixou, simplesmente, de ser Brasil. Agora é um brasil qualquer. Não costumo ser saudosista, muito pelo contrário. Não me agrada aquele tipo de gente que só fala “que saudades daquele Bangu de 38” ou “do tempo em que essa seleção tinha sei-lá o-quê”. O futebol muda, os estilos mudam e é necessário que a mentalidade dessa gente também mude. O FUTEBOL NÃO PÁRA NO TEMPO.

Acontece, no entanto, que essa transformação do Brasil em brasil tem me incomodado bastante. A coisa já não é boa a partir do momento em que a gente ouve falar coisas do tipo “seleção que nada, eu sou Flamengo! “. O Brasil não está mais ligado à sua seleção, fora ano de Copa. O brasil não quer mais saber de Brasil. O BRASIL NÃO PÁRA MAIS O BRASIL.

Assistindo ao jogo contra o Paraguai (eliminatórias, 2 a 0 pros caras), não via nem mais o jogo. Comecei a querer entender o que se passa na cabeça de quem joga, de quem comenta e de quem assiste. Mas me parece, infelizmente, que só quem está de fora tá fazendo isso. Pararam de jogar que nem Brasil. O negócio agora é ser Inglaterra: Põe um monte de armários em campo e joga a bola por cima pra ver se alguém cabeceia. Futebol quadrado! O BRASIL NÃO PÁRA PRA ENTENDER O QUE TÁ ACONTECENDO.

Pelo lado dos que jogam, tenho a impressão de comodismo. Certos atletas aparentam a convicção de que não importa o resultado em campo, a amarelinha estará esperando por eles.Alô Dunga, renovar a seleção não é convocar novos velhos nem montar uma nova panelinha. A minha interpretação de Renovar é tornar algo novo, diferente, variado. É muita gente merecendo a vaga do Elano, do Josué, do Mineiro, do Luisão, do Gilberto, do Maicon e do Daniel Alves (esses dois últimos então, me dão até tremedeira!). E pra não dizer que eu só critico : Olha o Thiago Silva (pra zaga), o Cicinho (pra direita), o Kléber e o Marcelo (pra esquerda), o Hernanes e o Ramires (pra volante) ... faltou alguém? Ah, aproveita e avisa pro Robinho que o cargo dele de camisa 11 não é vitalício e, portanto, se não render o que rendia, tem uma galera batendo à porta dele também. A RENOVAÇÃO NÃO PODE PARAR.

Mais do que jogadores, falta ao brasileiro um motivo pra torcer pela seleção. O distanciamento da torcida em função dos poucos jogos aqui pode ser um motivo, mas será SÓ isso? Será que nessa seleção não falta alguém que seja uma referência pra quem acompanha, tipo o Ronaldinho, o Kaká, não sei! Quer dizer, até sei, mas falta o Dunga saber. Não dá pra esperar que todo jogo seja Robinho pra cá, Robinho pra lá, pedala Robinho ! Atenção galera, a seleção não tem sido, nem de longe, a verdadeira Seleção Brasileira. Perdeu o encanto, a magia. A SELEÇÃO DECIDIU PARAR DE SER A SELEÇÃO.PAROU. E, PRO NOSSO BEM E DE TODO FÃ DE FUTEBOL, NÃO PODIA ..

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Padre, eu sequei !

Sim, eu confesso: Sequei, e por me arrepender, confesso.

Não que eu realmente quisesse, de coração, ver o Fluminense na final. Não que eu quisesse, como o mais brasileiro dos torcedores, ver um adversário chegar onde o meu time não chegou (e, sejamos sinceros, por pura vaidade de quem não devia se admirar). Apesar de tudo e não tendo absolutamente nada a ver com o acampamento repleto de Cabañas gordas e coloridas em pleno Maracanã, lá está o tricolor das Laranjeiras: No centro das atenções latino-americanas, com a missão de passar (pela segunda vez) pela “não-tão-convincente “LDU, do Equador.

O mundo da bola nem precisa mais girar pra mostrar que surpresas podem acontecer, como o “Maracanazzo do América”, a saída do Boca ou a própria eliminação do São Paulo pelo Flu. Nada impede, pelo menos na teoria, que algo de muito sinistro aconteça nos dias 25 de junho e 2 de julho. Mas a parte prática e o lado jornalístico da Libertadores ficam pra outra oportunidade. O que interessa é: Secar ou não, eis a questão !

A cultura de futebol tem regras de conduta bem definidas quando a gente realmente gosta do esporte e tem um time. Torcer significa querer o meu sempre na frente do alheio, não importa qual a fronteira regional da coisa, entende? Digo que, se a questão é torcer pra um time argentino (é isso mesmo, argentino!) eliminar o Fluminense pra que eu possa continuar tirando onda, que assim seja. No entanto, é difícil pensar em ser comentarista com essa mentalidade. Se eu nunca tive o costume de ver o lado imparcial da coisa, ou até fazer como os grandes ídolos e torcer sempre pelo time brasileiro (seja ele qual for) , chegou a hora de mudar a postura! É de extremo recalque, pessoalmente falando, despejar sobre o Fluminense todo o azar e desgosto que decorreram daquela fatídica quarta-feira.

Afinal, como já foi dito, que tem o Flu a ver com o fracasso em tons rubro-negros? Que podem eles fazer pra nos salvar? Chamar o Chapolin? Não, isso não rola. Pelo lado deles, a competência e a seriedade, apesar da marra de uns e outros, fazem dos tricolores um time merecedor de sua quase conquista. Por mais que o coração de torcedor diga o contrário, não é hora pra ser rival. Dois times de mesma espinha dorsal merecem ser irmãos pelo menos uma vez na vida! Boa sorte ao tricolor!

Abrindo o Jogo

Bem gente,
Novamente, eu crio um blog. Desta vez, no entanto, deixo de lado as viagens, fotos e saídas pessoais dos áureos 14 anos e dou lugar ao meu lado jornalístico-criativo (existe isso?)
Esse blog vai servir como um "mostruário" das crônicas que eu escrevo, nas quais o futebol deverá ser o tema principal -o que não me impede de fugir do assunto de vez em quando.
Provavelmente, nos próximos dias, vocês já devem se deparar com uma ou até duas publicações de textos que -ainda- não passam de idéias. Não liguem para o exagero deles, pois é escrevendo assim que eu gosto de me expressar. Melhor, não. Pior, muito menos. As conotações, metáforas e mensagens escondidas em outras palavras são apenas uma "assinatura" dos meus textos.
Aos que quiserem dar a moral de comentar e recomendar para quem ainda não conhece, muito obrigado.
Aos que optaram por não fazer uma ou nenhuma das duas coisas, também agradeço. Afinal, vocês são tão leitores quanto os outros.
Aos que não entraram pra ler, passar bem.