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segunda-feira, 21 de julho de 2008

Filosofia de banheiro

Futebol, o esporte da vida.

Futebol, o esporte da ascensão social.

Futebol, a religião oficial dos mais variados países, incluindo o nosso.

Futebol, o esporte que sustenta um povo, muito mais do que qualquer programa de governo populista. A alegria única de um povo sofrido.

Futebol, a passibilidade da impossibilidade (créditos dessas últimas palavras para Rodolpho da Motta Lima).

Muitas das vezes, ou melhor, na maioria delas, o fanatismo pelo clube ou pela seleção (raro, hoje em dia) não nos deixa enxergar o futebol como o mais belo dos esportes. Eu sei, eu sei. Minha fala tem um quê de arrogância, uma pitada de desprezo pelo basquete, pelo tênis, pelo vôlei e por tantos outros desportos que escrevem a história das mais belas disputas. Mas vocês sabem, essa não é a minha intenção. Aliás, todos esses esportes ainda me levam à emoção, de vez em quando. Apenas acho que o “soccer” é o mais belo deles. Só isso.

Tá certo que a nossa cultura me influenciou. Tá certo que não é privilégio nenhum meu gostar mais de futebol do que de outros. Mas eu vou além. O futebol é, pra mim, muito mais do que um monte de brucutus correndo atrás de uma bola. É, dentre os esportes, a melhor tradução de vida.

O juiz autoriza o começo de um jogo que já tem história antes mesmo de começar, no encontro de duas partes que já se conhecem (ou não, pelo que a gente anda vendo por aí). Que o desenrolar da vida poderia ser todo “metaforizado”, não restam dúvidas. Mas tem algo que ainda me cutuca a desenvolver linhas e mais linhas dessa crônica.

Refiro-me à última das frases soltas que escrevi acima: A passibilidade da impossibilidade. Em outras palavras, o impossível é extremamente passível de acontecer. Nada é pré-definido, tudo se desenha na hora em que o jogo realmente começa. Como um discurso de improviso, um encontro com alguém desconhecido.

Talvez, com a nossa torcida exagerada, repito, não consigamos entender que mesmo as derrotas mais inesperadas são a prova de que ali, no futebol, a boa fase e o retrospecto de nada valem. Cem, duzentos jogos não significam nada quando o cronômetro começa a contar noventa minutos. Acho que nem preciso dar exemplos, pois qualquer torcedor já viu o improvável se desenrolar bem à frente de seus olhos (a favor ou contra, tanto faz).

Depois que o toque inicial é dado, não há mais favoritismo. Se campanha entrasse em campo, talvez só existissem cinco ou seis clubes por todo o país.

Todo esporte tem suas zebras, seus sustos. Todo fã de tenis já viu um brasileiro franzino ser campeão de um Masters Series. Todo fã de corrida já viu os melhores carros irem de encontro ao muro de pneus, dando a chances de pódium àqueles que pareciam apenas figurar a competição. Mas, que me desculpem os imparciais, não é a mesma coisa.

No futebol não há raquetes para serem estouradas, motores falhos ou sistemas hidráulicos de arranque, freio e não-sei-mais-o-quê. Não há vassouras limpando o piso, redes que dividam o gramado nem linhas que hierarquizem pontuações. Nada vale mais que nada no futebol. Só quem joga ou participa pode decidir o jogo. Cada gol vale um e o tempo de jogo só o jogo determina. O clima (tempo) participa, não determina. O instrumento é o corpo humano, posto à prova por quanto tempo ele permitir.

O futebol é o mais humano dos esportes e, por ser humano, é passível de erros. O esporte que condena os pequenos erros, mas permite a segunda chance. Como a vida, condena o passo maior que a perna, a soberba e a trapaça. Na mesma moeda, premia os humildes e os que não se deixaram iludir. Leva ao êxtase aquele que o leva a sério.

Se quem tem boca vaia Roma, também tem o direito de vaiar Renatos, Ricardos, Edmundos, Edilsons, Euricos e tanta gente que faz questão de apagar brilhos e cortar as asas dos que a seu lado querem voar.

É a tradução da vivência em sociedade.

3 comentários:

Por Rafael Coelho e Raysa Himelfarb disse...

E viva a minha paixão contínua pelo meu time que não ganha um título há 5 anos!!

hahaha

=D

Anônimo disse...

Bernardo, passei por aqui e gostei do que vi. Muito interessante. Continue assim. Parabéns.
Abraço do Jota Júnior.

Ju Nunes disse...

Oi Bernardo!
Olha, eu não posso opinar nada nada de futebol, só sei torcer pro Brasil na Copa! Nada além disso... mas gostei do blog e vou passar para uns amigos meus e vocês vão se entender muito bem!
Beijão, Ju