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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Déjà vu?

desculpem o trocadilho infame.


Leitores, hoje abro mão do texto sobre a rodada do meio de semana. Não posso deixar de parabenizar o Fluminense pelo ótimo resultado e lamentar as derrotas de Flamengo e Botafogo. Mas algo me chamou muito a atenção durante os últimos dias.


Ao longo desta semana uma das histórias mais comentadas foi a volta do meia/atacante Fernandão ao Goiás. Até aí, tudo bem. Acontece que ele é extremamente identificado com o Internacional e já havia dito que, caso voltasse, o time do Sul teria preferência para contratá-lo. Anunciada sua volta ao Brasil, o que faz o cabeludo? Aparece já dizendo-se jogador do Goiás, clube que alçou sua carreira.

Todo mundo estranhou. Eu estranhei. “Mas peraí, e o Inter?” Aí sim, tentando convencer a Deus e o mundo de que não havia feito nada de errado, o jogador solta: - Não recebi qualquer proposta do Inter e preferi voltar à casa que me abriu as portas.


PERAÍ, FERNANDÃO. SÓ UM MINUTO. ESTA HISTÓRIA EU JÁ OUVI.


Rebobino a fita para o ano passado. Fora do Milan, voltando de lesão, Ronaldo Fenômeno decide recuperar sua forma no Flamengo – clube que ele diz amar e ter vontade de defender (para quem não lembra ou não sabe, ele treinava no Flamengo mas não tinha dinheiro para ir e voltar todo dia. Sem ajuda da diretoria do clube, foi ao São Cristóvão e de lá começou sua carreira).

Me lembro como se fosse ontem. Ronaldo chegou à Gávea ainda bem gordo, vestiu o uniforme rubro-negro e passou meses treinando por lá. Elogiou companheiros, estrutura, tudo bonitinho. Tudo pronto para a volta triunfal do fenômeno.

Era dia 9 de Dezembro, quando o jornal “Lance!” anunciou o que investigava e divulgava, mas sem qualquer crédito por parte de leitores e mídias concorrentes. Estava sacramentado. “Ronaldo é da Fiel” era o título da capa do diário na sua versão paulista. O “furo” do jornal rendeu dias e dias de discussão e manifestações de parte a parte. Nada mudou, e o assim o Fenômeno “traía” seus sentimentos. A justificativa: O Flamengo não fez nenhuma proposta, e a do Corinthians me agradou. Dá pra acreditar numa coisa dessas?

ALGUÉM (AINDA NÃO) NOTOU SEMELHANÇAS?

Tudo bem, respeitemos as diferenças. Cada um pode puxar a sardinha para o seu lado, querendo mostrar quem “traiu mais”. Fernandão já era ídolo da torcida, levou o clube a títulos como Libertadores e Mundial. A camisa vermelha já era como pele. Declarou amor ao cube, beijou escudo, veio assistir jogos do Inter em seu período de férias. E na hora H, ele se faz de desentendido e acerta com o Goiás (onde foi importante também, mas nem tanto).

Pelo outro lado, Ronaldo nunca jogara pelo Flamengo. Em função disso e do seu declarado amor ao clube, imagine a expectativa que não se criou. Sua identificação com a torcida era apenas verbal, no campo das promessas. Mas quando se trata de torcida do Flamengo, promessa é dívida. Meses de namoro, que culminaram numa traição escancarada.

QUE FIQUE BEM CLARO: Não estou, de forma nenhuma, defendendo as diretorias de Flamengo e Inter. Perderam a concorrência porque deixaram rolar frouxo, não imaginaram que tudo isso pudesse acontecer. Falharam sim, e feio.

Só acho que, em certos casos, fazer-se de desentendido não combinam com a situação e fica ruim para todo mundo: Clube, diretoria, atleta, torcida. Eu não tenho dúvidas de que ambos os jogadores sabiam do peso de suas decisões, e que os retornos aos supostos “clubes do coração” não seria negociação das mais difíceis. Era só dizer “sim”. Faria mal se algum dos empresários ao menos procurasse as respectivas diretorias para atualizá-las da situação atual? Algo como “olha só... O cara tá recebendo proposta de outros lugares. Se quiser que ele fique (e ele quer, ou não), anda logo!”.

Não dá pra saber o que realmente aconteceu, o que foi dito ou não. Fato é que Ronaldo e Fernandão não são como outros jogadores quaisquer. São, mais do que pessoas públicas, ídolos que geram expectativas em multidões. Frustradas.

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