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domingo, 30 de agosto de 2009

Pior para os fatos?

Os tricolores que me perdoem, mas escrevo este texto partindo do pressuposto que o Fluminense vai chegar à última rodada sem grandes mudanças em relação ao que vimos nos últimos jogos. Ou seja, o Flu pode até ter chances de se safar, mas vai ter de ganhar e depender de resultados alheios. Em outras palavras, é tarefa pra Hércules nenhum botar defeito.

Isso tudo porque o time começou o ano mal, com uma campanha fraca no carioca – para quem não se lembra, só passou às semifinais da Taça Guanabara porque o Vasco perdeu pontos e perdeu o Fla-Flu decisivo da Taça Rio. Saiu da Copa do Brasil e passou todo o campeonato brasileiro entre os piores. Desde o início do ano sofre goleadas e perde pontos “imperdíveis”. Sai René, entra Parreira e nada. Sai Parreira, entra Renato. Nada. Funcionários demitidos, jogadores vão, voltam e nada. Thiago Neves, neca de pitibiribas. E aí?

Não me lembro, em momento nenhum do ano, de ter dito “agora o Fluminense vai”. Não houve qualquer momento de euforia. Me lembro bem, a troca René-Parreira já não me agradou. Quando Renato voltou, a pedido (ordem) do “patro-sócio-cinador”, ainda pensei que algo pudesse melhorar. Não o time em si, pois o elenco era o mesmo. Mas em algum momento achei que um técnico motivador poderia dar uma correria ao time, como foi o Vasco do ano passado. Aliás...

O Vasco do ano passado caiu pelo que (não) fez no começo e no meio do ano. Como se nada fosse, o caso “eleições” ainda teve suas voltas e reviravoltas. Tudo isso mexe com o elenco, não tem como.Aí, no desespero de quem não vê a luz no fim do túnel, chamaram o Renato. E até mudou, melhorou um pouco. O time corria como louco, tinha o Madson em boa fase e, não fosse a mudança tão tardia, poderia ter escapado do pior. Poderia.

O Fluminense de Renato Gaúcho não é como o Vasco do ano passado. Pelo menos não pra mim. Eu não vejo no Fluminense aquela agonia de ganhar. O Vasco de Renato era limitadíssimo, mas a gente tinha certeza de que cada um ali fazia o que podia, mesmo que não fosse suficiente. O pessoal suava sangue, mas não trocava três passes. Aí, em função de tanta limitação, não teve jeito. Esse não é o Fluminense 2009.

O Fluminense deste ano tem jogadores melhores do que aquele Vasco. Tem uma estrela que ganha 400 mil por mês e não retribui. Tem duas diretorias que não se entendem, mas todo mundo sabe que quem manda é a que não deveria. Mas o que será do Fluminense no dia em que o patrocinador “jogar a toalha”? Nada bonito, crianças. Nada bonito.

O Kieza faz o que se esperava do Fred. O Diguinho (que nunca me encheu os olhos) é um zero à esquerda ou nem isso. Conca joga sozinho. Marquinho, Diogo, Fabinho e todos os outros meias ficam à margem do que se espera num time do Fluminense. O Luiz Alberto é só dicurso e já está até chato; toda vez a mesma coisa. “Vamos mudar”,” “está difícil”, “agora cada jogo é uma final”, “não podemos conitinuar assim”, “vamos sair dessa”. Não adianta só falar, Luiz. Tem que jogar também.

Planejamento que é bom, nada. Contratações vêm e vão, nada funciona. Tomara que eu queime a língua, mas não sei mais em quem confiar. E se o planejamento não começar ontem, ano que vem também pode acabar em lágrimas, frustrações. O cair e não subir, o estádio vazio, o patrocinador que não acerta o passo com o presidente.

O Corinthians, quando caiu, em um minuto tratou de se estruturar. E assim, montou um belo time que subiu, foi campeão estadual e da Copa do Brasil no ano seguinte. É só planejar. Trouxe bons jogadores por um preço aceitável (exceto Ronaldo), um treinador inteligente e uma diretoria séria. Tá lá, dois anos depois de cair, na Libertadores. Exemplo assim tem que ser dado.

O Vasco, com muito menos recursos, também fez o que pôde. Tá certo, ainda não terminou, mas a volta é questão de tempo. O time tem suas questões, mas é comandado por outro ótimo técnico. A diretoria fez alguns bons investimentos, trouxe recursos e vai encontrando seu caminho de volta.

Se o Fluminense cair, o que vai ficar? Que time vai iniciar 2010? A grana diminui, os melhores devem ir embora e ninguém ali realmente veste a camisa do clube – talvez um ou outro da divisão de base. Algum jogador vai verdadeiramente chorar a queda ou vão todos procurar outros times? E que postura Celso Barros e Roberto Horacades vão assumir em relação à sua relação, ao dinheiro, ao clube?

E fora isso tudo, uma questão de menor relevância, mas não desprezível: É possível e rentável jogar a Série B no Maracanã? A menos que a torcida faça algo inédito, é mais um prejuízo à vista.

Por tudo isso, é melhor para todo mundo acreditar que o milagre está por vir. Enquanto a matemática permitir, a torcida tricolor será peça fundamental para que o time faça o que deve fazer. Sem desistir, jamais, como Nelson Rodrigues preconizava: “E podem me dizer que os fatos comprovam o contrário, que eu vos digo: Pior para os fatos.”

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